Introdução

O modelo de gestão da informação nas organizações está diretamente ligado ao tipo de negócio estabelecido, sua missão, visão e objetivos estratégicos adotados”.
(CAIÇARA JUNIOR, 2012, p. 1)

Sistemas de Informação vêm sendo utilizados em organizações que fazem uso de tecnologia da informação em geral desde a década de 1960, evoluindo juntamente com os computadores. A partir dos anos 1990, as organizações empresariais puderam levar a informatização de forma integrada para seus sistemas empresariais. Veja, caro leitor, que nesta última década do século XX, os computadores pessoais e a Internet já haviam se tornado infraestrutura fundamental para atividades empresariais. Dessa forma, a produção de bens e serviços e a gestão das atividades nas empresas também vinham se transformando com o que podemos chamar de fase de transformação digital, defendida por Rogers (2021).

Conforme apresenta Belmiro (2012), grande parte das empresas consegue entender o valor de um objeto físico, mas tem dificuldade em mensurar o valor da informação. E a informação dentro dos sistemas integrados de gestão se tornaram, neste novo século XXI, uma fonte de poder, representando o principal ativo de grande parte das empresas.

Os EIS (Enterprise Information Systems), ou Sistemas de Informações Empresariais, são sistemas de software de pesquisa de dados destinados à apresentação de informações, automatizando os processos empresariais. A perspectiva de implantação de um EIS é integrar as informações da empresa para criação de novas metodologias e tecnologias e, assim, gerar informação e conhecimentos. Esse é um primeiro conceito de sistemas de gestão integrados que, depois, deu lugar aos ERPs (Enterprise Resource Planning).

Os sistemas de gestão integrados, originários da década de 1980 e amplamente desenvolvidos no início dos anos 2000, passaram a ser uma solução de software atrativa e muito utilizada por empresas de todos os tamanhos. Esses sistemas aumentam o valor e a qualidade dos negócios ao elevar a eficiência operacional e fornecer informações sobre a empresa como um todo, ajudando os gestores a tomar as melhores decisões, defendem Laudon e Laudon (2014).

Perceba, caro leitor, que os sistemas ERP trazem suportam processos de negócio, apresentados por Stefano e Zattar (2016); processos financeiros e contábeis, processos de recursos humanos, processo de produção e manufatura, processo de venda e marketing dentre outros.

ERP como sistema em módulos

A modularidade é uma das principais características de um sistema de ERP. Este conceito faz com que um sistema ERP seja constituído por diferentes módulos (contabilidade, recursos humanos, planejamento e controle de produção, ativo fixo, financeiro, por exemplo). De acordo com Haberkorn (2015), os módulos de um ERP estão divididos em diferentes categorias, sendo elas: módulos básicos, chamados de horizontais, módulos específicos, ou verticais, estendidos a módulos customizados.

• Módulos básicos: também chamados de módulos horizontais, oferecem suporte para operacionalização das atividades de gestão administrativas de backoffice de uma empresa. São essenciais na gestão de uma empresa: planejamento e controle de produção, controladoria, financeiro, contabilidade, custos, faturamento, recursos humanos, compras, vendas e estoque.
• Módulos complementares: ou módulos verticais, são específicos a um setor de atividade e atendem áreas ou a mercados verticais, como áreas de logística, qualidade, comercial e empresas de educação, sistemas hospitalares, sistemas de planos de saúde etc. São exemplos: automação comercial, apoio logístico, gestão de projetos, gestão de qualidade, exportação e importação.
• Módulos específicos: são módulos que abarcam negócios específicos, diferentes da gestão tradicional de indústrias. Os principais sistemas ou módulos de ERP considerados especializados são: gestão educacional, gestão hospitalar, planos de saúde, gestão de concessionárias de veículos, gestão de direitos autorais e hotelaria.

Figura 1 – Módulos de um sistema ERP

Fonte: elaborado pelo autor (2022)

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O ERP, como sistema integrado de gestão empresarial, pode ser compreendido como a evolução dos sistemas MRPII (Manufacturing Resource Planning II), que envolviam o planejamento de recursos de produção em todos os seus processos e que, por sua vez, são a evolução dos sistemas MRP (Material Requirement Planning), que já realizavam o planejamento de necessidades para manufatura. No ERP, as funções de planejamento de materiais e de recursos e processos de produção foram ampliadas e integradas com os módulos de gestão administrativa de back office e front office. Esses sistemas evoluíram ainda mais, definindo o ERP2, que, agora, tem a função de integração dos sistemas internos da empresa com a gestão comercial e a integração com módulos ou rotinas externas à empresa, como o SCM (Supply Chain Management) e o CRM (Customer Relationship Management). A Figura 2 apresenta um breve esquema sobre a composição do chamado ERP2.

Figura 2 – Evolução do ERP

Fonte: elaborado pelo autor (2022)

Sistemas ERP e tipos de implantação

Existem diversas soluções de ERP, algumas mais complexas e outras mais simples, porém ambas, focadas em negócios específicos. Os principais fornecedores de sistemas ERP no mundo são descritos resumidamente a seguir:

• SAP: empresa alemã que desenvolveu a primeira versão de um ERP no mundo e líder no segmento global com alta penetração no mercado mundial para sistemas ERP em empresas de grande porte. Apresenta soluções customizadas para diferentes tipos de clientes e seu sistema atual é o SAP S/4 HANA.O sistema também oferece soluções de computação em nuvem.
• Oracle: empresa americana, líder no mercado de soluções em banco de dados. O sistema ERP mais atual da empresa é o Oracle ERP Cloud, um pacote de aplicativos integrados que dá às organizações as ferramentas de funcionalidade e colaboração para a gestão empresarial.
• Microsoft: empresa americana, pioneira no desenvolvimento de sistemas operacionais e aplicativos para computadores pessoais, oferece uma solução de ERP chamada de Dynamics AX, com foco no relacionamento com o cliente.
• TOTVS: empresa brasileira, líder do mercado brasileiro em ERPs destinados a empresas de médio porte, composta por um conjunto de empresas, dentre elas: Microsiga, RM Sistemas, Logix e Datasul. A empresa oferece uma carteira diversificada de soluções de ERP em conformidade com as suas marcas, sendo um exemplo o TOTVS Backoffice – Linha Protheus.

Considerando o momento em que as organizações fazem uso intenso da computação distribuída e baseada em sistemas de cloud computing (nuvem), modelos de implantação e uso de sistemas baseados em SaaS (Software as a Service) vem sendo utilizado também para os sistemas ERP. Um sistema ERP então pode ser implementado em uma organização de duas formas diferentes: on-premise e on-cloud. Vemos suas características.

• On-premise: o sistema ERP é adquirido via licenciamento e a solução é instalada localmente, dentro de uma estrutura de servidores locais e clientes locais. Esse modelo é executado e controlado pelo setor de tecnologia interno da empresa, o que necessita de planejamento de recursos de hardware, infraestrutura e pessoal especializado. A gestão do sistema é feita internamente à empresa, e pode contar com consultorias de apoio.
• On-cloud: nesse modelo de contrato, a utilização do sistema é realizada mediante a assinatura e a solução está hospedada em um sistema de cloud computing (nuvem). O contrato é direcionado para prestação de serviços com validade periódica. Existe maior possibilidade de escalabilidade do sistema (crescimento do volume de módulos, usuários, dados e infraestrutura de tecnologia) e maior proteção de dados.

Figura 2 – Formas de implantação e utilização de sistemas ERP

Fonte: elaborado pelo autor (2022)

As opções de aquisição e instalação de sistemas integrados de gestão é sobretudo modular e possui a característica de escalabilidade nativa. Uma empresa pode optar em adquirir alguns módulos dos sistemas ERPs, seja em formato on-premise ou on-cloud e, com a maturidade da integração e absorção da filosofia integrada de SI junto os recursos humanos, buscar implementar todos os módulos e ter assim um sistema complexo e integrado que abarque todas as suas operações e áreas de gestão.

Em resumo

Nesta aula, vimos que um sistema integrado de gestão empresarial, ou ERP (Enterprise Resource Planning) pode ser considerado como uma evolução dos sistemas de informação empresariais, organizado por módulos, com interconexão entre si e que fazem o uso de dados de uma base unificada e padronizada. Vimos que os sistemas ERP possuem os chamados módulos básicos, também chamados de horizontais, que levam a possibilidade de gestão informatizada das operações rotineiras de uma empresa como compras, vendas, estoque, faturamento, contabilidade. Que os módulos complementares chamados de verticais levam outras funcionalidades aos sistemas de ERP, como a automação comercial, logística, gestão de projetos e gestão da qualidade dentre outras especificidades. Vimos que o conceito de ERP acabou se estendendo a outras organizações, além da indústria para integrar e gerenciar os sistemas administrativos como em universidades, escritórios de advocacia, hospitais e planos de saúde. Conhecemos alguns sistemas comerciais e por fim, pudemos entender que há duas formas atualmente para se implantar um ERP: on-premise com instalação completa do sistema dentro dos servidores da organização empresarial ou on-cloud, com acesso aos módulos e dados através de tecnologia em nuvem.